A história de amor entre Edimar e Janeti tem um enredo digno de novela das 9. Moradores de Bela Vista, os dois se conheciam apenas de amigos em comum e, anos mais tarde após um acidente, acabaram se reencontrando na Capital e acendendo a chama da paixão. Engana-se quem pensa que, por conta da cadeira de rodas, Edimar e Janeti têm uma vida pacata. Os dois fazem questão de frequentar bailes e chamam a atenção pelo carisma, desenvoltura e, claro, muito amor envolvido.
Midia Max
De cuidadora a mulher da vida de Edimar, Janeti é a prova viva que a empatia pode trazer frutos surpreendentes. Quando era adolescente, ela já frequentava os bailes de Bela Vista e conhecia Edimar de vista, já que ele “dançava muito bem”. Mas a relação entre eles era limitada a olhares e cumprimentos na conveniência que, anos mais tarde, Janeti trabalhou como balconista.
“O tempo passou e há 8 anos eu fui embora para Campo Grande e não lembrava mais dele e nem sabia o nome dele.”
Um dia, navegando pelo Facebook, Janeti viu um vídeo que algum amigo tinha publicado de um cadeirante dançando. Um detalhe chamou a atenção dela: a alegria daquela pessoa. Sem saber que se tratava de Edimar, aquele velho conhecido de Bela Vista, ela comentou a postagem parabenizando o dançarino pela superação. Poucos minutos depois, o homem respondeu e logo trocaram Whatsapp e iniciaram a amizade virtual.
“Chegamos a ficar 2 horas em uma ligação e um dia ele me chamou para conhecer ele pessoalmente. Cheguei no local e abri os braços para cumprimentar, mas foi muito rápido. Depois ele me contou que sofreu um acidente de trabalho onde cortou o pé, deu tétano e precisou amputar na canela, foi onde descobriu que era diabético. Depois desenvolveu uma infecção e precisou tirar a perna. ”
O esperando encontro foi marcado cerca de 2 meses após a última cirurgia de Edimar. Nessa época, ele morava com o pai idoso e Janeti virou uma espécie de anjo da guarda dos dois.
“Comecei a fazer comida, limpar a casa para eles e dar conselhos para Edimar, tudo na amizade. Dizia que ele precisava reviver pois Deus deu uma segunda chance e que deveria fazer alguma coisa para se ocupar.”
Um certo dia, Janeti foi surpreendida com a declaração do então amigo. “Ele disse que do nada eu me tornei o tudo. Ele disse que meu cuidado estava fazendo toda a diferença na vida dele. Eu estava interessada nele, mas fiquei com medo de contar porque ele estava se recuperando de uma amputação.”
Cerca de três meses depois, o casal resolveu fazer união estável e viver juntos. Edimar fez as malas e se mudou de vez. A velha paixão pela dança fez com que os dois frequentassem bailes, agora como casados, e tornassem a cadeira de rodas parte da nova rotina de Janeti.
“Ele me ensinou a dançar na cadeira de rodas com ele. Por ele ser dançarino, ter participado de vários concursos, eu me inscrevi em um curso de dançapara poder acompanhar meu marido.”
Os altos e baixos estão presentes como na vida de qualquer casal, ressalta a dona de casa. “Não é porque ele é cadeirante que eu tenho ele como coitadinho. Ele arruma a cama, faz comida, varre até a calçada. Eu procuro facilitar as coisas para ele como não deixar nada no alto e não ter tapete em casa, mas nosso carro é adaptado e ele também tem a vida individual dele.”
Edimar acredita que os caminhos se cruzaram na Capital por obra divina. “Na cidade pequena nunca tínhamos conversado e fomos ficar juntos em Campo Grande. Foi plano de Deus, não tem outra explicação senão.” Atualmente, ele está fazendo reabilitação na Apae para colocar prótese na perna direita.
Os olhares preconceituosos infelizmente ainda existe, entretanto, Janeti garante que não afetam a relação entre eles. “A gente andava de ônibus e o pessoal parava para olhar. Eles olham o cadeirante com desprezo, mas não ligo. Quando vamos nos bailes, desconhecidos filmam a gente e puxam assunto. Sobre o preconceito: o problema não está na gente, está na pessoa que olha a gente assim.”
Veja o casal dançando: