Com a possibilidade de privatização total ou parcial de nove companhias proposta pelo Governo Federal nesta quarta-feira (21), trabalhadores que atuam nas estatais têm ficado preocupados. Os Correios, que atendem todos os 79 municípios de Mato Grosso do Sul, pode ser privatizado e medida deve impactar 1,4 mil funcionários no Estado.
Mariane Chianezi – Midia Max
Conforme a presidente do Sintect-MS (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Telégrafos e Similares), Elaine Regina, além dos funcionários que serão prejudicados, muitas cidades do interior poderão ficar sem serviços de entrega.
“Uma privatização impactaria, além de dentro da empresa, várias cidades que os Correios atendem. Através da privatização vai abrir uma concorrência. Qualquer empresa pode chegar no nosso interior, mas para elas chegarem o custo será muito alto. Essas empresas não iriam para as cidades do interior porque para elas não é vantajoso”, disse Elaine a reportagem.
Além disso, a categoria pontua a questão social que as agências fazem nas cidades, pois além de fornecer serviço bancário para os municípios pequenos que não tem bancos, os Correios distribuem importantes exames da Educação.
“Os Correios fazem entrega de livros, provas do Enem e consegue entregar no mesmo horário em todas as cidades do Brasil. Qual empresa de logística conseguiria fazer esse serviço e qual o custo para os cofres públicos isso teria? ”, questionou Elaine, que destacou as entregas da prova do Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) que acontece no próximo domingo (25).
Atualmente os Correios tem 85 agências em Mato Grosso do Sul, além de 13 centros de entrega e correspondências, contanto com 1,4 mil funcionários. O sindicato estima que, pelo menos 70% dos trabalhadores sejam desligados.
“A gente coloca em exemplo a Enersul quando foi privatizada aqui no estado. Na época, ela tinha 3 mil funcionários e quando privatizou, caiu para 700. Depois de muita briga e reivindicações, subiu para mil pessoas. A gente estima que em Mato Grosso do Sul deva restar 400 funcionários dos Correios se isso realmente acontecer”, contou ao Midiamax a presidente do Sintec-MS.
Privatização
Nove empresas federais serão incluídas no Plano Nacional de Desestatização (PND), anunciaram nesta quarta-feira (21) os ministros chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. O governo abriu estudos ou atualizou normas para que os Correios e mais oito companhias da União sejam privatizadas (total ou parcialmente) ou firmem parcerias com a iniciativa privada.
A decisão ocorreu depois da 10ª reunião do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil. O secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, e a secretária especial do PPI, Martha Seillier, também participaram do anúncio.
Além dos Correios, o governo decidiu abrir estudos para privatizar a Telebrás, o Porto de Santos, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Também foram abertos processos de desestatização da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores (ABGF), da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) e da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).
O Conselho do PPI também aprovou a nova modelagem para a concessão da Lotex, serviço de Loteria Instantânea Exclusiva, e a venda de 20 milhões de ações excedentes da União no Banco do Brasil, volume que pode render até R$ 1 bilhão à União sem prejudicar o controle do governo sobre o banco estatal.
Com as decisões de hoje, sobe para 18 o número de ativos federais (empresas, ações e serviços) incluídos no PPI. Na última reunião, em maio, o governo tinha aberto estudos para privatizar a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb).
A Eletrobras, as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasaminas), a Casa da Moeda, o porto de São Sebastião e a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) também estão incluídos no PPI. Segundo Onyx Lorenzoni, os decretos de privatização dessas companhias podem sair nos próximos dias.