Com placa falsa, Siena de Mateus Pereira Santana estava sendo usado por adolescente para transportar 393 quilos de maconha
O Fiat Siena branco ano 2012 que pertencia ao motorista de aplicativo campo-grandense Matheus Pereira Santana, 22, foi apreendido nesta sexta-feira (1º) em Dourados, a 233 km de Campo Grande, com quase 400 quilos de maconha. O carro era conduzido por um adolescente de 17 anos, residente em Várzea Grande (MT), interceptado na BR-163 pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Contratado para levar um cliente da Capital até a fronteira, Matheus foi torturado e executado com pelo menos 15 tiros de pistola calibre 9 milímetros na madrugada do dia 13 de outubro em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS). O corpo foi reconhecido pelos pais, que foram até a fronteira para a identificação.
De acordo com a Polícia Nacional do Paraguai, Matheus foi executado perto de um lixão no bairro Callejon Genes por pistoleiros que estavam em um carro branco. Antes de ser levado para o local da execução, Matheus foi torturado e teve o braço direito quebrado.
Ontem, o Siena seguia pela rodovia que liga Dourados a Campo Grande quando foi parado por policiais rodoviários federais. O carro tinha placa de um Volkswagen Gol. A numeração do chassi e do motor também tinha sido remarcada.
De acordo com a polícia, essa prática se tornou comum na fronteira. Antes, os carros roubados no Brasil ganhavam documentação do Paraguai e rodavam livremente naquele país.
Atualmente, no entanto, a maioria dos veículos levados pelos arrastadores volta para o Brasil transportando maconha pelos chamados “cavalos doidos” – motoristas que aceitam dirigir veículos abarrotados de drogas e, quando possível, fogem da polícia e abandonam a carga na estrada.
O adolescente que estava com o Siena roubado de Matheus Pereira Santana disse que pegou o veículo já carregado com a maconha em uma estrada vicinal perto de Dourados. Sua missão era levar a droga até Cuiabá (MT). Como pagamento, receberia R$ 2 mil.
Assim como os quase 110 assassinatos ocorridos neste ano em Pedro Juan Caballero, a morte de Matheus continua sem solução na cidade paraguaia, que junto com Ponta Porã lidera as estatísticas de execuções na fronteira entre Paraguai e Brasil.