Na Rua Bananal, os barracos de Mariana Ferreira e Andressa Roberta Rodrigues guardam a história da amizade que surgiu quando a comida foi acabando e até o teto desapareceu. Com tudo improvisado, as duas seguem lutando para não deixar a fome vencer e contam que se não fosse pela ajuda uma da outra, a fé já tinha acabado junto com o feijão.
Aos 25 anos, as duas dividem a mesma história há um ano, desde quando se conheceram. Antes disso, Mariana explica que já tinha sentido a pobreza tomar conta de sua vida e de seus quatro filhos, até por isso não pensou duas vezes antes de abraçar Mariana.
“Minha vida sempre foi assim, você vai ficando sem esperança, sem acreditar que dá para melhorar. Mas a gente se juntou com nossos maridos e estamos dando um jeito com ajuda de outras pessoas”, conta Mariana.
Campo-grandense, ela detalha que tem alguns parentes, mas que não mantém relação com nenhum. “Ninguém quer saber de você quando tem filho, você fica por sua conta mesmo”.
Em 2021, Mariana já morava no Noroeste e conheceu Andressa por ser sua vizinha. Na época, Andressa morava com sua avó e relata que até então nunca havia imaginado que ficaria até sem banheiro em casa.
“A gente passa por umas dificuldades, mas nunca imaginei que fosse ficar assim. Sem casa, com a comida acabando. A gente não passa fome porque o pessoal do presídio ajuda, dá uma marmita com os restos”, Andressa explica.
De acordo com a mulher, tudo começou a mudar quando sua avó faleceu. “Ela teve minha guarda durante a vida inteira, sempre cuidou de mim e nunca faltou nada. Quando ela morreu, a casa ficou para outras pessoas da família e eu precisei sair. Me ofereceram ajuda, mas eu não podia levar meu marido ou meus filhos. Tive que ficar aqui mesmo”, conta.
Sem outros familiares próximos, ela narra que se viu sendo acolhida por quem talvez tivesse ainda menos. “A Mariana foi me ajudando quando viu minha situação, tirou do que ela nem tinha para me dar. Agora, a gente levantou esses barracos e tenho fé de que vai melhorar”.
Hoje, as duas moram em barracos próximos ao presídio no Jardim Noroeste, ambos sem banheiro e com menos do que o básico. Sem emprego fixo, os maridos trabalham fazendo bicos e, tentando encontrar mais uma forma de conseguir renda, Andressa e Mariana também estão em busca de empregos.
Além de possíveis empregos, as duas pedem por qualquer ajuda para conseguir alimentação tanto para elas quanto para as crianças. “A gente recebe pouca coisa, mas não dá. Se alguém também puder ajudar com material para a gente subir o banheiro, tá sendo difícil”.
Por Aletheya Alves – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS